A melhor leitora do Secundário

No âmbito do Plano de Atividades da Biblioteca Escolar, e no sentido de promover a leitura, entrevistámos a aluna que mais livros requisitou na nossa biblioteca, Márcia Patrício, do 12.º Ano LHB.

1. Por que recorres às bibliotecas para ler?

Apesar de gostar de ter alguns dos meus livros preferidos na minha estante por vaidade, acho que recorrer às bibliotecas é muito mais sustentável (e barato). Não sinto que haja necessidade de possuir todos os livros que já li. Assim, vou requisitando, lendo e entregando. As histórias ficam comigo, mas os livros não precisam de ser meus para isso acontecer.

2. Quantos livros lês em média por ano? Quando lês mais e quando lês menos? Em que momentos do dia consegues ler e durante quanto tempo?

O quanto leio varia muito de ano para ano. Houve alturas em que não estava muito voltada para a leitura e outras em que não conseguia parar de ler. Diria que, por ano, tenho lido cerca de 20/25 livros, uns anos mais, outros menos. Atualmente tenho tentado aumentar este número e já li o dobro desse valor só este ano.

Costumo ler mais nas férias e em épocas em que a escola não exige tanto de mim. Assim, leio quando tenho tempo e vontade para o fazer. Agora, principalmente desde que me tornei adepta de livros digitais, tenho lido sempre que tenho um bocadinho, não importando a altura do dia. Tanto o faço no autocarro a caminho da escola como à noite, antes de dormir, e a duração da minha leitura varia muito da minha disponibilidade, das circunstâncias e, às vezes, do livro que estou a ler.

3. Em que locais ou circunstâncias tiras maior prazer da leitura?

Não existe um local particular em que goste de ler, porque gosto de ler não importa onde. No entanto, para conseguir imergir completamente no livro que estiver a ler, muitas vezes, preciso de recorrer à música para me ambientar e distrair do que me rodeia.

4. Quais os livros que te deixaram uma impressão mais forte?

Dos livros que me marcaram mais, posso destacar “Capitães da Areia” de Jorge Amado, “A Biblioteca da Meia Noite” de Matt Haig e “Os Bebés de Auschwitz” de Wendy Holden.

“Capitães da Areia” porque me deu a conhecer uma realidade completamente diferente da minha, a realidade miserável de um grupo de crianças “marginais” que, em Salvador, na Bahia (Brasil), roubavam para sobreviver. Esse choque de realidade que li com 13 anos, “abriu-me os olhos” para a miséria, a pobreza e as circunstâncias difíceis que tanta gente enfrenta e que às vezes nos passa completamente ao lado.

“A Biblioteca da Meia Noite” fez-me compreender a importância das decisões que tomamos, que nunca é demasiado tarde e que a única coisa sem remédio é mesmo a morte. Nele temos uma protagonista que, por se sentir infeliz, insatisfeita e estagnada num beco sem saída, se tenta suicidar e quando o faz, fica num limbo entre a vida e a morte em que experimenta as diferentes vidas que podia ter tido se tivesse optado por caminhos diferentes ao longo da vida dela.

Por fim, “Os Bebés de Auschwitz” é um dos últimos livros que li no ano passado e foi também um choque de crueldade. Nele são contadas as histórias de 3 mulheres grávidas que sobreviveram e tiveram os bebés nas difíceis condições de vida dos campos de concentração nazis. Esta obra consegue mostrar que até mesmo em circunstâncias extremas, a esperança, a bondade e o amor são forças imparáveis.

5. Quando foi que te tornaste leitora?

Desde muito pequena, quando ainda nem sabia ler, que gostava de ouvir histórias. Assim que aprendi a ler, comecei a gostar de o fazer por diversão: gostava das personagens e dos mundos que os livros me deixavam conhecer, gostava daquilo que me ensinavam e do que me permitiam descobrir — as reviravoltas, as aventuras, o mistério e a magia.

6. Quais foram as viagens mais marcantes que fizeste a bordo dos livros?

No decorrer dos anos, fui tendo fases no que toca à leitura. O primeiro que me marcou verdadeiramente foi a coleção “Uma Aventura” de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, pela sua escrita fácil e muito virada para o público mais novo.

7. Na tua perspetiva, quais são os maiores benefícios da leitura?

De entre os vários benefícios que a leitura oferece, destaco, porque os sinto a nível pessoal, as melhorias no vocabulário, no encadeamento de ideias e na escrita e o aumento da criatividade e do espírito crítico.